terça-feira, 6 de julho de 2010

UM

todas as vezes que nos falávamos, das tantas vezes, eu sempre tentava te achar por detrás das tuas máscaras. Eu via o menino perdido e lutava por alcançá-lo, me esticava, jogava meus braços na tua direção, mas você fugia.
no primeiro momento, eu odiei as tuas máscaras, as tuas maneiras de se esconder de mim, do mundo, da verdade. te dizia que mentiras não me interessavam, que eu te queria inteiro, por completo, com todos os medos, todos os receios, todas as poucas certezas, tudo, absolutamente tudo.
depois, fiquei procurando justificativas para tanto esconder, tanta brincadeira de "decifra-me ou te devoro", tentando achar o que você escondia, pedindo pequenas migalhas, as tais mentiras sinceras passavam a me interessar mais.
e quando você se mostrava, cada vez que isso acontecia, eu me aproximava mais de você, te desejava mais, te queria mais, mais e mais até não poder mais, me saturando da tua presença, do teu ser.
relembrando esse passado-presente, descubro que tenho medo. pois cada vez que você se mostra, mais te quero pra mim, mais quero te conhecer, mais, mais, mais...
poço sem fundo. me agarro nas paredes porque tenho medo de você, mas, tenho muito, muito mesmo, mais medo de mim.

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