domingo, 25 de setembro de 2011

Eu sempre disse que seria mais feliz sozinha. Teria meu trabalho, meus amigos. Mas ter mais alguém na sua vida o tempo todo? São mais problemas que o necessário. Há um motivo pra dizer que eu seria mais feliz sozinha. Não foi porque eu pensei que eu seria mais feliz sozinha. Foi porque eu pensei que se eu amasse alguém e depois acabasse, talvez eu não conseguisse sobreviver. É mais fácil ficar sozinha. Porque, e se você descobrir que precisa de amor? E depois você não o tem. E se você gostar? E depender dele? E se você modelar a sua vida em torno dele? E então... ele acaba. Você consegue sobreviver a essa dor? Perder um amor é como perder um órgão.  É como morrer. A única diferença é... a morte termina. Isso... pode continuar para sempre.
Grey's Anatomy

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Já ouvi várias vezes ah-como-você-lida-bem-com-as-coisas. Não, não lido. Sou péssima em lidar “com as coisas”. Sou ciumenta com coisas bobas, impulsiva pelo menos uma vez por dia, leio bula de remédio e depois acho que tenho aquele bando de sintomas, meu dedão do pé não é bonito, quero tudo do meu jeito e minha cabeça é muito, muito dura. Não sou uma musa, uma diva, uma entidade, uma mestra. Sou uma pessoa. E de vez em quando sou uma pessoa péssima. Péssima mesmo.  — Clarissa Corrêa
Daqui

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Quase um mês sem te ver e eu quase morro de saudade. E eu leio e releio as tuas mensagens no meu celular pra ver se elas bastam de antídoto pra essa dor no meu peito, que insiste e eu mando embora e ela fica, mesmo sem eu querer... E eu desligo o celular pra não sucumbir a tentação de insistir nessa brincadeira de gato-e-rato entre nós dois...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Um dia

Um dia você vai ver...
Vai acordar sem entender o porquê de algumas coisas, das atitudes de algumas pessoas...
E ninguém vai te explicar.
Um dia você vai se perguntar se essa coisa toda é real, se isso tudo não é o roteiro do cretino mais maluco da face da terra...
E ninguém vai te explicar.
Um dia você vai ficar profundamente indignada com o que alguns tentam fazer com você, vai ficar profundamente indignada mesmo...
Mas mesmo assim...
É....
Niguém vai te explicar...Mesmo.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cirandinha

Não sei bordar, mas aprendi a costurar desde pequena, olhando minha mãe e minha avó. Não gosto de costurar botões e mas aprendi a costurar outras coisas com prazer. Sei pouco de crochê e tricô, só o básico. Por conta disso vivo xeretando quando alguém crocheta do meu lado, não tenho vergonha na cara. Não pinto nem desenho, faço rabiscos, mas admiro quem tem o dom dessas artes. Gosto de cantar e de dançar. Ultimamente mais cantar, já que dançar ficou difícil. Fotografia boa, só por acidente. Adoro ler, leio de jornal a frasco de shampoo, o que cair na minha mão e tiver uma dúzia de letras será lido. Gosto de computador, mas nada substitui uma voz amiga. Por isso acho que o computador encurtou as distâncias do mundo, hoje falo e vejo meus amigos de longe, mesmo longe deles. Mas nada, nada mesmo substitui um bom abraço amigo. Sou alucinada por cheiros, tenho uma memória olfativa muito presente, sou uma libriana com ascendente em sargitário, que precisa aprender a ver e aceitar a realidade das coisas e das pessoas. Tenho um senso de humor oscilante, chega a ser insuportável. Muitas vezes já quis me separar de mim mesma. Amo animais e plantas, mas não mais do que as pessoas. Cabelos sempre compridos, quase uma década pintados de vermelho fogo e agora fingindo esconder os brancos, uma briga quase silenciosa com a balança, sempre sorrindo por fora, quase sempre chorando por dentro, poucas pessoas sabem. Boa de garfo, muito melhor de fogão. Não tenho conselhos, nem dinheiro no bolso. Amo alucinadamente, sou cega de amor e sofro demais por isso. Gosto de calorão, de cheiro de mato molhado, do meu lugar seja ele qual for. Vivi em São Paulo, fugi pra São Bernardo do Campo, me escondi na Praia Grande e agora de volta à Selva de Pedra. Devo, não nego e se der eu pago. Adoro presentes, mas ganho poucos e gostaria de dar mais. Me descobri egoísta e chata, deve ser coisa da idade. Cobro amor. Só mordo se for provocada."

Xícaras de Café

Nunca fui santa, nem nunca tentei pra dizer a verdade. O que fiz na minha vida foi tentar ser uma pessoa melhor. Mas melhor pra mim, pra ter a certeza de poder deitar minha cabeça no travesseiro e dormir na paz.
Mudei com o tempo, sem pressa, porque não queria ter que voltar atrás. Só me arrependo do que não fiz, do que não senti, daquilo que me privei de viver e que o tempo levou embora sem retorno. Tenho história pra contar, não passei pelo mundo sem deixar as minhas marcas. Mas confesso que o mundo deixou mais marcas em mim do que eu nele.
Não tenho vergonha de dizer que errei e que errei muitas vezes. Por excesso, por força, por pura ação, pouquíssimas vezes por omissão. Ainda assim, acho que poderia ter tomado mais decisões, podia ter dito mais coisas que eu queria dizer, podia ter gritado mais comigo mesma, me trazendo a razão das minhas ações, ter dito até o que eu não queria dizer para deixar de engolir os sapos da vida. Sapos boi.
Sei que tudo isso faz parte de um crescimento lento e progressivo que todo ser humano tem de passar. Algumas pessoas podem não perceber, outras ficam tão preocupadas com isso que nada lhes escapa. Eu acho que fiquei no meio termo, em alguns momentos deixo passar, noutros me preocupo demais. Aprendi que é preciso crescer sem muito sofrimento, mas lembrando sempre que crescer dói, machuca, derruba pré-conceitos, constrói barreiras novas. Crescer demanda tempo, demanda coragem, precisa de xícaras de café e longos períodos de silêncio.

"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és..."
Caio Fernando Abreu

A escolha de Neo

"Eu li a Escolha de Sofia antes de ter visto o filme. E li antes de ter idade e maturidade pra entende-lo melhor.
Quando eu vi o filme eu não fiquei tão impressionado como todo mundo fica. E eu achava a Meryl Streep muita da feia. Veja como eu era tonto.
Dai eu nunca cito a Escolha de Sofia quando eu estou diante de um dilema ou de uma escolha.
Eu sempre penso no Neo e nas pilulas vermelhas e azuis.
A Escolha que Sofia fez tem uma pegadinha. Porque ela sempre acaba perdendo tudo qualquer que seja a decisão.
A escolha do Neo é mais pragmatica: No que acreditar, naquilo que os meus olhos veem ou naquilo que o meu instinto de preservação diz ?
E ai o filme vai dando esse baile na gente o tempo todo. Pra gente não acreditar no que a gente vê. Porque os nossos olhos podem ser enganados. E tem aqueles efeitos absurdos. Mas que naquele mundo acaba dando certo.
E dai o Neo tenta atravessar um predio com um salto e não acredita naquela papagaiada e acaba se esborrachando no chão. Um dos personagens pergunta: e agora acontece o quê ? Nada, um outro diz.
E dai a Trinity entrega a chave do segredo. É preciso acreditar com o coração. Porque mesma que você não saiba qual pilula tomar e nem qual filho salvar estar em paz com o seu coração é o que te salva das escolhas e caminhos errados.
O mundo a minha volta berra e vomita bile dizendo que as pessoas não prestam. Que elas mentem enganam e são más.
O meu coração diz que o mundo ainda pode ser salvo. Dai eu fico meio assustado porque eu lembro que o mundo é grande e todas essas pessoas ruins moram nele.
Dai eu lembro de uma coisa que eu aprendi em um outro filme: ” Quem salva uma vida, salva um mundo inteiro “
Eu não consigo salvar a vida de ninguém e nem do mundo inteiro. Então eu salvo a minha vida e o mundo inteiro acaba sendo salvo.
Não vou odiar."



(do blog "Lágrimas de crocodilo") - grifo meu

Rakushisha

"Para andar, basta colocar um pé depois do outro. Um pé depois do outro. Não é complicado. Não é difícil. Dá para ter em mente pequenas metas: primeiro só a esquina. Aquele sinal com faixa de pedestres e o homem esperando para atravessar com um guarda-chuva transparente e um cachorro de capa amarela.
O cachorro parece um labrador e olha para mim quando me aproximo.
Tem uma cara afável. Somos ocidentais nós dois, amigo. Se bem que você talvez tenha nascido aqui, não é? Nasceu? No canil de um criador? Claro, onde mais, você me responde, com a paciência dos labradores.
Eu não nasci aqui. Não sei se você está muito interessado em saber. Sou do outro lado do planeta. Pode-se dizer que vim escondido dentro da bagagem de outra pessoa. É como se eu tivesse entrado clandestina, apesar do visto no meu passaporte. De fininho, para que não me vissem, para que não vissem as coisas invisíveis que eu trazia na mala. Que ninguém me veja ainda, que ninguém suspeite. Nesse sentido sou bem mais ocidental do que você, amigo de capa amarela. Não pertenço a este lugar.
E por que exatamente estou aqui, então, você poderia me perguntar se tivéssemos mais tempo para trocar olhares, se a sua coleira e o seu dono já não fossem te puxando para as suas obrigações - sejam elas quais forem, acompanhar, guiar, divertir.
Não sei muito bem, para ser honesta. Estive reaprendendo a andar. Estou reaprendendo a andar. Depois da tempestade, da era glacial, da grande seca, a gente pode usar a imagem que quiser, ninguém vai se importar muito, afinal, quem somos nós se não menos do que anônimos aqui. Abriu-se esta porta. Agora não dá tempo de te contar como aconteceu. E ainda não sei se andar equivale a lembrar, se equivale a esquecer, e qual das duas coisas é o meu remédio, se nenhuma delas, se nenhuma opção existe e se andar é o mal e o remédio, o veneno que tece a morte e a droga que traz a cura. Se vim para lembrar - se vim para esquecer. Se vim para morrer ou para me vacinar. Talvez eu descubra. Talvez nunca seja possível descobrir, desvelar, levantar o toldo, remover qualquer traço de ilusão de caminhar.
Seja como for. É só colocar um pé depois do outro."
Adriana Lisboa

Sempre ali

Eu só queria que alguem passasse aqui, neste exato momento, e me tirasse de casa. Queria que me levasse pra algum lugar longe daqui, onde eu pudesse sentar de frente pro mar, sem pensar muito. Queria que ele ficasse ali comigo, olhando as ondas indo e vindo, sem que precisássemos de nenhuma palavra. Só queria que ele passasse seu braço pelo meu ombro quando as lágrimas começassem a escorrer pelo meu rosto, e que não fizesse nenhuma pergunta. Queria que ele me abraçasse forte, quando as lágrimas se tornassem um choro incontido, até que a dor se esgotasse e eu pudesse, por uns minutos apenas, descansar no seu peito sem que houvesse a necessidade desse tempo acabar.
Eu só queria que ele limpasse meu rosto, sujo da maquiagem borrada, e sem nenhuma palavra, fizesse eu ainda me sentir linda. Eu queria que ele me trouxesse pra casa, beijasse meu rosto e fizesse eu entender que ele estaria ali. Sempre.

domingo, 17 de abril de 2011

Eu continuo com a nossa última tentativa de conversa na cabeça. Não te disse nada do que eu queria. Aquela conversa, aquela que eu planejei, detalhei, pensei durante dias, não aconteceu. Aquela conversa só ficou na minha imaginação. A que aconteceu, cheia de frases confusas, cheia de mas e poréns, não tinha nada da original.
Eu só não te fiz uma pergunta, que era a que eu mais queria ouvir a resposta.
Se você não queria que eu pensasse mais em nós dois, porque fez tudo ser tão especial?

quinta-feira, 10 de março de 2011

"Só se esquece uma pessoa, a partir do momento em que colocamos em nossa cabeça que nós realmente queremos esquecer ela. Não adianta ficar tentando apagar da memória o que você não quer que saia do coração, poxa. Eu sei que você o ama, mais chega de sofrer, chega de chorar, é tempo de se levantar, de olhar pra si e dizer “eu quero esquecer”. No momento em que você fizer isso tudo se resolve. E depois de um tempo você vai perceber que ele foi só mais um na sua vida, mais uma pessoa que te ensinou com os erros, que te fez crescer e se valorizar. No fim das contas nós temos que agradecer a elas por isso, por que se somos alguém foi por elas terem nos ensinado. E mais tarde quando você já tiver esquecido, quando você já estiver amando a outro, nunca se entregue de cabeça, e sempre, sempre esteja pronta para o fim. Porque nada é para sempre, nada mesmo, nem a nossa vida. Tudo um dia tem um fim. Nós só temos que estar preparadas para aceita-lo. Assim nós poderemos então sermos felizes. Eu reconheço isso hoje, e sei que posso dar conta disso."

O tempo...

Eu me lembro que um dia, com outros problemas, mas com a mesma angústia, eu te disse que o tempo cura tudo.
É engraçado como a gente muda de idéia, não é? Hoje eu não acho que o tempo cure tudo. O tempo se encarrega de jogar uma pá de cal em cima do mau cheiro. Ameniza, suaviza. Mas não apaga.
Se a gente cutucar direitinho, lá naquele lugar da sujeira, o fedor vai voltar. E com ele, as moscas, as pragas.
Joguei pás e pás de cal em cima da minha dor. Com a intenção de que o cheiro não atormentasse meus pensamentos. Querendo esquecer que naquele lugar houve tanta briga, tanta dor, tanta ofensa.
Mas não pense que eu fiz isso também nos lugares onde as flores nasceram. Eu continuo à regá-las, com amor, com carinho. E vejo aquele jardim, cheio de boas recordações, de amor, de suspiros e sussuros das madrugadas.
É preciso saber separar. E é o que eu tenho tentado.
Respira, respira.... vai passar.
Você não merece uma gota do meu suor.

quarta-feira, 2 de março de 2011

E daí se vai doer?

"Tá que sofrer é ruim. Eu sei que ninguém gosta de ser largado ou até de largar alguém. O coração fica inquieto, parece um pequeno terremoto no peito. Coração apertado, nessas horas nem parece uma expressão. As lagrimas percorrem o contorno do rosto, rasgando como arado sobre a terra. O tempo, dito remédio, não passa, nem adianta rezar.

Acredite-me conheço esse martírio. Mesmo assim, e apesar de entender, nunca vou concordar com essa onda de melhor não viver do que sofrer. Hoje em dia o temor é tal que a semente de um sentimento é suficiente para jogar fora o vaso. Somos humanos, e desde o momento que a maça do éden foi mastigada, estamos fadados a sofrer. A questão não é se vamos sofrer, mas pelo o quê. Se não é pela pobreza, é pela riqueza. Se não é pela inexperiência, é pelo cansaço. Se não é de amor, é de solidão. O coração é caprichoso e não perdoa ser esquecido.

Eu tenho medo do sofrer, só não lhe deixo tomar as decisões por mim. Muito menos tento proteger o coração alheio, esse a cada um pertence, e esses são responsáveis pelos rumos que tomam. Sim, somos donos de nossas vidas, mas se não corremos risco nelas seremos donos de uma vida chata e previsível. Não sabemos o que vai acontecer até que aconteça. Não sabemos se magoaremos ou seremos magoados. Se vamos amar ou odiar. Cada relação é um mundo de possibilidades, e a graça é não saber o amanhã e se deliciar com o hoje. Você tem dúvidas? Você não sabe aonde isso vai levar? Aonde você quer chegar? Tente e descubra. Se der errado, que seja. Quando você acredita que seus rumos estão definidos, a vida manda um redemoinho para mudar tudo. A vida não é conto de fadas, e não existem príncipes e princesas encantados. Somente gente que vamos odiar nem ligar, gostar, ou amar. Para viver momentos de alegria passaremos pela tristeza. Vais ser péssimo, não vai ser a ultima vez, mas vai passar. Tire seu coração da sua caixinha de guardados e ponha-o pra ver a vida"
Felipe Toffolo
http://www.razoavelmenteprofundo.com/

a história

eu queria poder contar toda a história. exatamente como ela foi. como começou e como terminou. como foram difíceis os momentos difíceis e como foram ótimos os momentos ótimos. mas no fundo é isso mesmo. não importa como começou, nem como terminou. importa o que eu vou guardar de bom. o restante, é só o aquilo que eu quero esquecer. foram 9 anos de um amor lindo. e que eu vou guardar, como o que está gravado na minha pele. não me arrependo de um só segundo, vivi o que tinha que viver, amei o que tinha que amar e sofri o que precisava pra aprender. o que eu preciso agora é me redescobrir. lembrar quem é a mulher que está debaixo dos escombros da dor. ela é forte. e vai sobreviver.

Sempre acaba

"Se lembra quando a gente chegou um dia acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre, sempre acaba..." (Legião Urbana)

eu não posso negar que ainda penso em você, todos os dias, várias vezes. é o cheiro do café, a chuva que cai lá fora, o pão que eu esqueci de comprar. é a sua voz que eu tenho medo de esquecer, é a minha certeza de que tudo vai passar e que vai ser melhor assim. melhor pra você, melhor pra mim.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quem tem medo do lobo mau?

se você soubesse que no final, lá no final da história, não haveria final feliz.
se você soubesse que no meio haveriam bons momentos, doces recordações, mas que o final, ah o final não.
o final seria amargo, dolorido, extenuante, triste...
ainda assim, você leria esse livro?

eu li.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Correspondência Secreta

só leia se tiver com tempo. esse e-mail não precisa de resposta. na verdade eu só queria desabafar. falar coisas sem sentido, falar das coisas que estão ocupando meu pensamento, falar, falaaar. me sinto sozinha. pensei em escrever uma carta, uma carta pra ninguém, que não precisava ser mandada, nem selada, nem nada. mas me alegra um tantinho saber que alguém, mesmo sem querer, me ouve falar, desabafar.
nossa, a tristeza parece que vai rasgar o meu peito. e a inapetência? essa total falta de traquejo pra começar e terminar alguma coisa. tomo as decisões consciente, faço planos, traço metas. mas e ai? me perco, não consigo fazer nada, penso em voltar pra cama, esquecer que existe um mundo lá fora. tomo café atrás de café, esqueço de almoçar, fumo. muito. mais do que eu devia. nem cozinhar me dá mais prazer. nem comer. nem nada. recebi uma puta proposta de emprego. mas e a coragem?
eu preciso tomar uma atitude, preciso acordar. é isso, to dormindo, como se estivesse meio dormindo, meio acordada.
vc se lembra que me perguntou se eu ainda amava ele? e eu não soube te responder? triste é a constatação de que o amor acabou. sobrou tantas coisas, tantas lembranças, tantos outros sentimentos, mas amor? não o amor que eu queria, não o amor que ele quer. sabe quando a gente se acha incompetente? incompetente para amar. para fazer alguma coisa durar. será que o problema sou eu?
eu não consigo nem chorar. tentei, te juro, tentei até ver filme triste, propaganda de margarina (que sempre me fizeram fungar), mas nada. é, eu to dormindo. uma espécie de coma pós-traumático.
eu queria sair desse transe. me acorda?
leio caio. hoje, lendo "morangos mofados" me deparei com um pedaço que quase me doeu. "Não, não ofereço perigo algum: sou quieta como a folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto, mas se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos toques embora sempre os tenha evitado aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia".
eu sei que sua vida é corrida, confusa, vc tem os teus problemas, e ficamos distantes, mil anos, quase uma década. o que não me dá o direito de escrever um e-mail confuso, cheio de frases sem sentido nenhum. vejo em vc meu amigo. é o que eu queria. só queria que você soubesse, que muitas vezes, muitas vezes, eu queria falar as coisas que eu não falei, te contar o redemoinho que está na minha cabeça e ver se consigo me entender ou chorar, quem sabe, chorar até isso tudo passar.